quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Concreto: Uma História entre Histórias

Por Gabriel Guimarães

Essa semana tive a oportunidade de ler uma HQ indicada no livro Desvendando os Quadrinhos, do quadrinista americano Scott McCloud, que sempre me deixou curioso. Concreto: Uma Rocha entre Rochas, de Paul Chadwick, me chamou muita atenção na livraria por ter um traço limpo, porém bem detalhado e de grande teor emocional (as faces desenhadas por Chadwick têm uma característica emotiva tão real que são um dos grandes atrativos da obra). Comprei a edição e a levei para casa a fim de ler um discurso atemporal que lidasse de maneira bem interessante sobre a psique humana, mas não tive todas as minhas espectativas correspondidas, infelizmente.

A história é curiosa, contando a vida de um antigo escritor, chamado Ronald Lithgow depois de ter seu corpo modificado por experiências alienígenas. Seu corpo novo, de aparência rochosa, é resistente a quase tudo, e permite que ele prenda a respiração por uma hora, além de ter uma temperatura interna absurdamente alta. Sua origem é meio distorcida, chegando a ser algo inverossímil.O governo passa a estudá-lo para determinar o potencial que esse corpo possui, mantendo-o em um laboratório secreto, onde é submetido a muitos testes. Após um incidente interno, eles resolvem criar uma forma de tornar público o conhecimento sobre Ronald, o que gera uma das características que considerei mais estimulantes, ainda mais devido ao estudo que tenho feito de marketing nos quadrinhos. Concreto, como Ronald passa a ser chamado, chega a frequentar shows de auditório e sitcoms, faz pose para fotos políticas e realiza feitos por um lugar no livro dos recordes.

As ilustrações funcionam muito bem no sentido de narrativa da história, mas não conseguem elevar certos rombos no roteiro. O livro constitui de 3 histórias, sendo a última, com maior quantidade de páginas, a origem do personagem. A segunda, em que ele fica , junto da cientista que o estuda, Maureen Vonnegut, e seu recém-contratado assistente e autor de romances, Larry Munro, perdido no meio do mar, foi a que considerei a mais interessante, mas, mesmo assim, 'sem sal' (há muita qualidade nas horas que relata o que vê no fundo do mar e as reações humanas à condição de náufrago, mas falta certa ação).

Acredito que, para quem quer estudar as histórias em quadrinhos como um meio de comunicação, essa obra é importante, pois é uma das poucas do gênero da ficção científica que pude encontrar atualmente no mercado, e tem um teor psicológico decerto instigante.

NOTA GERAL: 2 estrelas.

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