sábado, 10 de abril de 2010

Como Publicar Quadrinhos de Maneira Rentável no Brasil?

Por Gabriel Guimarães
Recentemente, a subsidiária brasileira da editora Panini anunciou modificações no seu modelo de publicação dos quadrinhos de heróis nas bancas de jornal, o que levantou algumas questões editoriais quanto a esse ramo que gostaria de expor aqui.

As mudanças em si são: a redução do número de páginas em desproporcionalidade com a redução do preço da maioria das revistas de série mensais; a extinção de alguns títulos da linha Marvel; e o aumento também desproporcional do número de páginas e preço de outras séries, com periodicidade bimestral. Entretanto, essas decisões levantaram alguns pontos de debate sobre a publicação do gênero no Brasil nos últimos anos.

Os números têm caído nos últimos meses, o que pode ser tanto responsabilizado pelo aumento dos preços que as revistas demonstravam, chegando aos R$7,95 atuais e a queda de qualidade do conteúdo das histórias, sendo claramente influenciado pelo uso negativo dos princípios de persuasão da mensagem, conforme Breton argumenta, em seu livro "A manipulação da palavra".
Que as histórias das linhas DC e Marvel em sua grande parte têm decrescido em termos de qualidade, não há nenhuma novidade. O que fazer sobre isso então? A Panini tem em mãos uma oportunidade que se mostrou à editora Abril, mas que não foi aproveitada na época: Iniciar a publicação de material nacional de qualidade desse ramo.

Na editora Abril de uma das gerações mais perto do fim de carreira de Carlos de Souza como um dos grandes nomes na editora, surgiu a possibilidade de serem produzidas histórias nacionais de mesmo teor qualitativo das HQs Disney americanas, que na verdade, tinham quase todo seu contingente criado aqui mesmo no território nacional brasileiro, porém a borda de diretores não tomou o risco que essa decisão poderia ter. Sem riscos, não há glória.

Hoje, a Panini tem a chance de redimir essa falta de visão editorial. A quantidade de profissionais e semi-profissionais do ramo com a habilidade, técnica e aspiração necessárias tem crescido cada vez mais, o que realmente é algo que chama a atenção no mercado atual. Há a qualidade que se procura nos roteiros americanos aqui, só se precisa saber lapidar os diamantes brutos espalhados pelo território brasileiro. Chegou o tempo da revolução dos personagens nacionais. Fiquemos atentos aos próximos passos da Panini, torcendo sempre pelo melhor.