domingo, 14 de novembro de 2010

RIO COMICON, BABY!!! - DIA 5

Por Gabriel Guimarães

Panorama da Rio Comicon no seu primeiro
fim de semana de existência, completamente lotada

No primeiro dia de fim de semana da Rio Comicon o que mais se percebeu lá foi a imensidão de pessoas para um espaço que não parecia poder comporta-las de forma apropriada. Tendo aberto as portas um pouco mais tarde hoje, deixando acumular uma quantidade considerável do público no frio vento ainda em transição da manhã para a tarde, a estação Leopoldina vislumbrou o que a esperava no decorrer da tarde ao se deparar com uma fila enorme de pessoas ainda para comprar os ingressos do evento para hoje.

Como hoje o público não se restringiu aos admiradores da nona arte em si, percebia-se que muitas pessoas que estavam lá destoavam de tudo aquilo que o evento representava. Não pensem que eu sou um crítico de "farofeiros" de fora do círculo quadrinístico, de forma alguma eu sou algo assim. Porém, convenhamos que levar um cachorro, ainda que de coleira, para dentro do evento, e entrar no estande da Livraria da Travessa, é um pouco demais não é? Lá não é uma pet shop, não é um veterinário. O cachorro era manso, a raça dele inclusive não demonstrava qualquer perigo, entretanto, o bom senso nos diz que onde há um cachorro fora do seu ambiente ideal, sempre podem ocorrer imprevistos caso o cachorro se sinta ameaçado por algo ou caso tenha certas necessidades fisiológicas fora de lugar. Não digo que isso aconteceu, pelos meus conhecimentos, não ocorreu. Mas existiu essa possibilidade, e alerto que isso deveria ser observado com mais medidas restritivas no futuro.
Voltando ao evento em si, hoje o artista Milo Manara voltou a assinar suas obras, o que criou filas absurdamente imensas de fãs ansiosos por conhece-lo. O cartunista Laerte também esteve presente, demonstrando sua total irreverência na sua própria figura enquanto esteve lá, o que tirou muitas risadas ao longo do dia, tanto de autores quanto do público.


Marcela Godoy nos dá uma aula sobre os recur-
sos estilísticos e narrativos que os quadrinhos
podem ter

Nas oficinas de hoje, um equilíbrio marcou o sábado: a primeira, de "Roteiro para histórias em quadrinhos", ensinada pela roteirista Marcela Godoy, da graphic novel "Fractal", foi bastante técnica e abrangente; e depois, a de "Ilustração Editorial" dada pelo ilustrador Weberson Santiago, que já fez de tudo um pouco no mundo dos quadrinhos e da ilustração (já foi colorista da minissérie em quadrinhos do sucesso de televisão "24 horas", responsável pelo processo de produção das tiras da "Liga dos VJs Paladinos" para a revista da MTV, além de ser ainda ilustrador de várias revistas de informação e artigos e editor das revistas "Mundo Canibal" e "Havaianas de Pau"), seguiu numa linha de suavidade e conversa aberta sobre tudo no ramo em debate e um pouco mais.

Celso Menezes, roteirista da belíssima HQ na-
cional "Jambocks!" esteve presente na ofici-
na de roteiro como observador

A oficina de Marcela Godoy foi excelente, e, em quatro horas de duração, pontuou tudo que há para se saber sobre estilo, formato e recursos disponíveis para se produzir uma história em quadrinhos. Usando de muitos exemplos práticos da cultura pop, em especial, filmes de suspense e terror, foi muito discutida a necessidade da criação de uma esfera em que o roteirista como contador de histórias precisa pôr o leitor para que a mensagem lhe seja transmitida de forma clara. Demonstrando os muitos sentidos que uma página de quadrinhos pode assumir mediante pequenas mudanças estruturais em suas ferramentas únicas, a oficina realmente abriu muito os olhos dos alunos para todo um universo de possíveis abordagens que se pode dar a uma narrativa sem nem precisar dizer uma palavra. Tamanha tarefa, todavia, não é função apenas do roteirista, que é responsável pela compreensão da história a partir de elementos textuais; e carece de um entrosamento importantíssimo deste com o desenhista, que será o responsável pela compreensão da história nos elementos gráficos que dispõe nos quadrinhos, e no formato que dá aos próprios quadrinhos em si. Apesar de cansativo pela quantidade de informação em tão pouco tempo, posso garantir que quem esteve lá não se arrependeu nem um pouco.

Weberson Santiago nos mostra como reali-
za seu processo de criação

Já a oficina de Weberson seguiu num rumo diferente, assumindo mais uma postura de conversa aberta sobre a jornada como profissional do ilustrador e uma discussão bastante informal sobre a importância de uma ideia por trás do desenho, pois um bom desenho sem ideia nada representa, enquanto um desenho simples com uma ideia brilhante torna-se uma obra de arte. A importância de se estar sempre desenhando, mesmo que à mão livre, também foi um ponto bastante ressaltado, culminando com o próprio Weberson detalhando seu processo de desenho aos espectadores que o observavam.


Enfim, este foi um dia muito proveitoso, porém muito cansativo. A quantidade de pessoas na Estação é algo bom pois demonstra o interesse das pessoas em buscar um evento da arte sequencial, mas falta estrutura física para suportar tamanha procura, isto é facilmente visto. Amanhã, infelizmente, será o último dia desse grande evento que honrou o Rio de Janeiro durante essa semana. Mas não falemos disso ainda, pois, por enquanto, pelo menos, ainda podemos dizer que:


É RIO COMICON, BABY!!!

Um comentário:

Fábio Portugal disse...

Cara, se este evento continuar crescendo ano que vem será: RIOCENTRO, BABY!!!